Vida Amor Riso Luz
quarta-feira, 6 de dezembro de 2023
terça-feira, 14 de novembro de 2023
Educação Fundamental
"A Educação Fundamental, em seu verdadeiro sentido, é a compreensão profunda de nós mesmos; dentro de cada pessoa encontram-se todas as leis da natureza. Quem quiser conhecer as maravilhas da natureza deve estudá-las dentro de si mesmo."
"É necessário deixar de sonhar, é necessário despertar a consciência e
esse processo do despertar, deve começar a partir do lar e da escola.
O esforço dos Mestres deve dirigir-se à CONSCIÊNCIA dos estudantes e não unicamente à memória.
É necessário dar-lhe liberdade de EXPRESSÃO CRIADORA espontânea e sem condicionamento de nenhuma espécie, a todos os alunos e alunas a fim de que possam tornar-se conscientes daquilo que estudam.
A abolição do medo e a livre iniciativa dará origem à ação espontânea e pura.
Sem dúvidas é absurdo ensinar os estudantes a IMITAR. É melhor ensinar-lhes a criar.
O ser humano desgraçadamente é um autômato adormecido inconsciente, que só sabe IMITAR.
É URGENTE que os ALUNOS aprendam na escola a criar livremente, a pensar livremente, a sentir livremente.
Os MESTRES com AUTORIDADE INCONSCIENTE, somente sabem castigar e ditar normas estúpidas para que os alunos se portem bem.
Os MESTRES AUTOCONSCIENTES ensinam com suma paciência a seus alunos e alunas, ajudando-lhes a compreender suas dificuldades individuais, a fim de que, compreendendo, possam transcender todos os seus erros e avançar triunfalmente.
Os Mestres AUTOCONSCIENTES SABEM que não SABEM e até se dão ao luxo de aprender observando as capacidades criadoras de seus discípulos.
LIBERDADE e ORDEM sabiamente combinados constituem a BASE da EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL.
Há que saber mandar CONSCIENTEMENTE e há que saber obedecer conscientemente."
CHAVE SOL
(A chave SOL significa:
S
- Sujeito
O
- Objeto
L
- Lugar
Então várias vezes no dia devemos nos dar conta dos seguintes aspectos:
Sujeito: Somos nós mesmos. Devemos perceber o que estamos fazendo, pensando, sentindo e como está o nosso corpo. Isso é a recordação de si.
Objeto: Perceber tudo que está à nossa volta como se fosse novo, observar os detalhes das coisas e como estamos usando estes objetos.
Lugar: Devemos então olhar atentamente o local onde estamos, o que estamos fazendo ali, de onde viemos e para onde vamos. Não devemos julgar ou conceituar o lugar. Somente observar o lugar com atenção.)
Sonhos Inúteis
1 – O subconsciente é o próprio ego. Aniquile-se o ego e a consciência despertará.
2 – Os elementos subconscientes são elementos infra-humanos que cada um leva interiormente. Destruam-se e toda a possibilidade de sonhar terminará.
3 – Os sonhos são projeções do ego e, portanto, não servem.
4 – O ego é mente.
5 – Os sonhos são, por conseguinte, projeções da mente.
6 – Vocês devem anotar isto com muita atenção: é indispensável não projetar.
7 – Não somente se projetam coisas para o futuro, constantemente, vivemos projetando as coisas do passado.
8 – Também se projetam toda classe de emoções presentes, morbosidades, paixões, etc.
As projeções da mente são, pois, infinitas, e, em conseqüência, as possibilidades de sonhar são, também infinitas. Como poderia se considerar iluminado um sonhador? Obviamente, o sonhador não é mais que sonhador, nada sabe sobre a realidade das coisas, sobre isso que está mais além do mundo dos sonhos.
Conforme vão morrendo em si mesmos, a consciência ir-se-á tornando cada vez mais objetiva e as possibilidades de sonhar irão diminuindo de forma progressiva. Meditar é indispensável para compreender nossos erros psicológicos.
Quando alguém quer eliminar um defeito, um erro ou um agregado psíquico deve primeiro compreendê-lo. Porém, irmão, não basta compreender unicamente, há que ir mais fundo, mais profundo: é necessário “capturar” o profundo significado daquilo que se tem compreendido e somente se pode conseguir essa captura através da meditação fundamental, profunda, muito íntima...
Aquele que capturou o profundo significado do que compreendeu está em condições de eliminar. Eliminar agregados psíquicos é urgente. Agregados psíquicos e defeitos psicológicos, no fundo, são o mesmo. Qualquer agregado psíquico não é mais que a expressão de um defeito de tipo psicológico...
Que temos que eliminar esses defeitos, é claro, porém primeiro temos que havê-los compreendido e também haver capturado sua própria significacância
Uma coisa são os sonhos, que não são mais que simples projeções do subconsciente, e outra são as experiências místicas reais. Qualquer experiência mística autêntica exige o estado de alerta e a consciência desperta.
Eu não poderia conceber experiências místicas com a consciência adormecida. Assim, pois, a experiência mística real, verdadeira, autêntica, só advém quando objetivamos a consciência, quando estamos despertos.
Deixar de sonhar é indispensável. O que deixa de sonhar, aqui e agora, deixa de sonhar em qualquer rincão do universo, anda desperto em todas as partes. O que desperta aqui e agora desperta no infinito, nos mundos superiores, em qualquer lugar do cosmos.
O que importa é despertar aqui e agora, neste mesmo momento em que estamos falando, de instante a instante, de momento a momento.
As 7 Leis Espirituais do Sucesso.
1- Lei da Potencialidade Pura. Nós temos o poder infinito da natureza para conquistar tudo aquilo que a gente quer. Estando em contato, em comunhão com a natureza. Com o Poder Superior. 2- Lei da Doação. Quer receber? Comece a doar. "Quero ter mais tempo com meus amigos". Dê mais tempo a seus amigos. ""Quero ter mais dinheiro" Dê mais. Sirva mais. "Quero ter mais energia" Doe mais da sua energia. 3- Karma - causa e efeito. Se eu plantar uma grama vou colher uma grama. Se eu plantar soja vou colher a soja. Se eu plantar uma rosa vou colher uma rosa. Causa e efeito. Tenho liberdade para plantar o que eu quiser. Tudo que eu plantar eu irei colher. 4- Lei do Mínimo Esforço. "Trabalhe duro" "Sue a camisa" Se você fizer as coisas com amor você perceberá que o seu esforço se tornará mínimo. Quando eu faço as coisas com amor aquilo não se torna um sacrifício. 5- Lei da Intenção e Desejo. Tudo aquilo que eu presto atenção tudo aquilo que eu foco, se expande. Se estou prestando atenção na solução estou trazendo a solução.Se eu estou prestando atenção no problema estou aumentando este problema. 6- Lei do Distanciamento. Desapego. Desapego às coisas. Darmos tempo ao tempo. Depois de fazermos nossa parte ficamos tranquilos. O universo conspira a nosso favor. 7- Darma - propósito de vida. O que eu faço que me traz alegria? O que eu amo fazer? Depois de perceber as coisas que amo fazer meus hobbies, meu lazer eu vou pensar como posso usar essa habilidade esse hobby, esse lazer isso que eu amo fazer para servir às pessoas?
Deepak Chopra
Relatividade Absoluta
(A condição indispensável para a existência da paz é a existência da guerra.
A condição indispensável para a existência da saúde é a existência da doença.
A condição indispensável para a existência da felicidade é a existência da adversidade.
A condição indispensável para a existência de Deus é a existência do Diabo.
A condição indispensável para a existência de segurança é a existência da ameaça.
A condição indispensável para a existência da transformação é a existência de formalidade.
A condição indispensável pai a existência da liberdade é a existência da repressão.
A condição indispensável pai a existência do equilíbrio é a existência do desequilíbrio.
A condição indispensável para a existência da convicção é a existência da dúvida.
A condição indispensável pai a existência da salvação é a existência da destruição.
A condição indispensável pai a existência do sucesso (evolução) é a existência do falhanço.
A condição indispensável para a existência do Paraíso é a existência do Inferno.
A condição indispensável para a existência do amor é a existência do ódio.
A condição indispensável para a existência da vida é a existência da morte.
A condição indispensável para a existência de vitalidade é a existência de desvitalização.
A condição indispensável para a existência de resultados é a existência dum processo e a condição indispensável para a existência de uma condição é a existência de um condicionamento .)
Capítulo 1 - A LIVRE INICIATIVA
Milhões de estudantes de todos os países do mundo inteiro vão diariamente à escola e à
universidade de forma inconsciente, automática, subjetiva, sem saber porque, nem para que.
Os estudantes são obrigados a estudar matemática, física, química, geografia, etc.
A mente dos estudantes está recebendo informação diariamente, mas eles jamais na vida se
detêm um momento para pensar no porque dessa informação, ou no objetivo dessa informação.
Por que nos enchemos dessa informação? Para que nos enchemos dessa informação?
Os estudantes vivem realmente uma vida mecânica, e só sabem que têm de receber informação
intelectual e conservá-la armazenada na memória infiel; isso é tudo.
Aos estudantes jamais ocorre pensar sobre o que é realmente esta educação. Vão à escola, ao
colégio ou à universidade porque seus pais mandaram; isso é tudo.
Não ocorre aos estudantes, nem aos professores ou professoras alguma vez perguntar a si
mesmos: Por que estou aqui? Que vim fazer aqui? Qual é realmente o verdadeiro e secreto
motivo que me traz aqui?
Professores, professoras, e os estudantes em geral vivem com a consciência adormecida, agem
como verdadeiros autômatos; vão à escola, ao colégio e à universidade de forma inconsciente,
subjetiva, sem saber realmente nada do porque ou do para que.
É necessário deixar de ser autômato, despertar a consciência, descobrir por si mesmo o que é esta
luta tão terrível para passar nos exames, para estudar, para viver em determinado lugar estudando
diariamente, para passar de ano, sofrendo sustos, angústias, preocupações; para praticar esportes,
para brigar com os companheiros de escola, etc.
Os professores e professoras precisam se tornar mais conscientes, a fim de cooperar na escola, no
colégio ou na universidade, ajudando os estudantes a despertar consciência.
É lamentável ver tantos autômatos sentados nos bancos das escolas, colégios e universidades,
recebendo informações que devem conservar na memória, sem saber porque nem para que.
Os rapazes só se preocupam em passar de ano. É dito a eles que devem se preparar para ganhar a
vida, para conseguir emprego, etc. E eles estudam formando mil fantasias na mente com respeito
ao futuro, sem conhecer realmente o presente, e sem saber o verdadeiro motivo pelo qual devem
estudar física, química, biologia, aritmética, geografia, etc.
As meninas modernas estudam para ter a preparação que lhes permita conseguir um bom marido
ou para ganhar a vida, estando devidamente preparadas para o caso de o marido as abandonar ou
que fiquem viúvas ou solteironas.
Puras fantasias da mente, porque elas não sabem realmente qual haverá de ser seu futuro, nem
em que idade irão morrer.
A vida na escola está é muito vaga, incoerente, subjetiva... Faz-se com que a criança aprenda às
vezes certas matérias que na vida prática não servem para nada.
Hoje em dia, na escola, o importante é passar de ano e isso é tudo. Em outros tempos, havia pelo
menos um pouco mais de ética nestas coisas. Agora, não há mais tal ética. Os pais podem
subornar sigilosamente o professor ou a professora e o rapaz ou a moça, ainda que seja um
péssimo estudante, passará de ano inevitavelmente.
Há moças na escola que costumam tratar bem o professor com o propósito de passar de ano e o
resultado é maravilhoso, ainda que não tenham compreendido nada do que foi ensinado. De
qualquer maneira, saem-se bem nos exames e passam de ano.
Há rapazes e moças prontos para passar de ano. Simples questão de esperteza em muitos casos. Se um aluno passa vitorioso por certo exame, (algum estúpido exame), isto não indica que tenha
consciência objetiva verdadeira sobre aquela matéria na qual foi examinado.
O estudante repete como um papagaio, de forma mecânica, aquela matéria que estudou e na qual
foi examinado.
Isso não é estar auto-consciente daquela matéria. Isso é memorizar e repetir como um papagaio
ou uma caturrita o que aprendeu; isso é tudo.
Passar nos exames, passar de ano, não significa ser muito inteligente. Temos conhecido pessoas
inteligentes na vida prática que na escola jamais se saíram bem nos exames.
Conhecemos magníficos escritores e grandes matemáticos, que na escola foram péssimos
estudantes e jamais passaram bem nos exames de gramática e matemática.
Sabemos do caso de um estudante, péssimo em anatomia, e que só depois de muito sofrer
conseguiu vencer os exames de anatomia. Hoje, tal estudante é autor de uma grande obra sobre
anatomia.
Passar de ano não significa necessariamente ser inteligente. Há pessoas que jamais passaram bem
de ano e que são muito inteligentes.
Há algo mais importante do que passar de ano, há algo mais importante do que estudar certas
matérias: é preciso ter plena consciência objetiva, clara e luminosa, daquelas matérias estudadas.
Os professores e professoras devem se esforçar para ajudar os estudantes a despertar sua
consciência. Todo o esforço dos professores deve ser dirigido à consciência dos estudantes. É
urgente que os estudantes se façam plenamente auto-conscientes daquelas matérias que estudam.
Aprender de memória, aprender como papagaio, é simplesmente estúpido no sentido mais
completo da palavra.
Os estudantes vêm-se obrigados a estudar difíceis matérias e a armazená-las na memória para
passar de ano. Depois, na vida prática, tais matérias não só tornam-se inúteis como ainda são
esquecidas, porque a memória é infiel.
Os rapazes estudam com o propósito de conseguir emprego e ganhar a vida. Mais tarde, se têm a
sorte de conseguir tal emprego ou de se tornarem profissionais, médicos, advogados, etc., a única
coisa que conseguem é repetir a mesma história de sempre: casam, sofrem, têm filhos e morrem
sem terem despertado a consciência, morrem sem terem tido consciência de sua própria vida.
Isso é tudo.
As moças casam-se, formam seus lares, têm filhos, brigam com os vizinhos, com o marido, com
os filhos, divorciam-se, voltam a casar, enviuvam, ficam velhas, etc. Por fim, morrem depois de
terem vivido adormecidas, inconscientes, repetindo como sempre o mesmo drama doloroso da
existência.
Os professores e as professoras não querem se dar conta cabal de que todos os seres humanos
têm a consciência adormecida. É urgente que os professores também despertem, para que
possam despertar os alunos.
De nada serve encher a cabeça de teorias e mais teorias, citar Dante, Homero, Virgílio, etc., se
temos a consciência adormecida, se não temos consciência objetiva, clara e perfeita de nós
mesmos, das matérias que estudamos e da vida prática.
De que serve a educação, se não nos tornamos criativos, conscientes e inteligentes de verdade?
A verdadeira educação não consiste em saber ler e escrever. Qualquer mentecapto, qualquer
tonto, pode aprender a ler e escrever.
Precisamos ser inteligentes, e a inteligência só desperta em nós quando a consciência desperta.
A humanidade tem 97% de subconsciência e 3% de consciência. Precisamos despertar a
consciência, precisamos converter o subconsciente em consciente. Precisamos ter cem por cento
de consciência.
0 ser humano não só sonha quando seu corpo físico dorme, mas também sonha quando seu corpo
físico não dorme, quando está em estado de vigília.
É necessário deixar de sonhar, é necessário despertar a consciência e esse processo do despertar
deve começar no lar e na escola.
O esforço dos professores deve ser dirigido à consciência dos estudantes, e não unicamente à
memória. Os estudantes devem aprender a pensar por si mesmos, e não apenas repetir como
papagaios as teorias alheias. Os professores têm de lutar para acabar com o medo dos estudantes.
Os professores devem permitir aos estudantes a liberdade de discordar e criticar de forma sadia e
construtiva todas as teorias que estudam.
É absurdo obrigá-los a aceitar de forma dogmática todas as teorias que são ensinadas na escola,
no colégio ou na universidade.
É preciso que os estudantes percam o medo para que aprendam a pensar por si mesmos. É
urgente que os estudantes percam o medo, para que possam analisar as teorias que estudam.
O medo é uma das barreiras para a inteligência. O estudante com medo não se atreve a discordar,
e aceita como artigo de fé cega tudo o que disseram os diferentes autores.
De nada serve que os professores falem de intrepidez, se eles mesmos têm medo. Os professores
têm de estar livres do temor. Aqueles que temem a crítica, o que dirão, etc., não são na verdade
inteligentes.
O verdadeiro objetivo da educação deve ser acabar com o medo e despertar a consciência.
De que serve passar nos exames, se continuamos medrosos e inconscientes?
Os professores têm o dever de ajudar os alunos, desde os bancos da escola, para que sejam úteis
na vida, mas enquanto existir o medo ninguém poderá ser útil na vida. A pessoa cheia de temor
não se atreve a discordar da opinião alheia. A pessoa cheia de temor não pode ter livre iniciativa.
Evidentemente, é função de todo professor ajudar a todos e a cada um dos alunos de sua escola a
estarem completamente livres do medo, a fim de que possam agir de forma espontânea, sem
necessidade de que se lhes diga ou de que se lhes mande.
É urgente que os estudantes percam o medo, para que possam ter livre iniciativa, espontânea e
criadora. Quando os estudantes por iniciativa própria, livre e espontânea, possam analisar e
criticar as teorias que estudam, deixarão de ser meros entes mecânicos, subjetivos e estúpidos.
É urgente que exista a livre iniciativa, para que surja a inteligência criadora nos alunos e alunas.
É necessário dar liberdade de expressão criadora, espontânea e sem condicionamento de espécie
alguma, a todos alunos e alunas, a fim de que possam se fazer conscientes daquilo que estudam.
O livre poder criativo só pode se manifestar quando não temos medo da crítica, do que dirão, da
férula do professor, das réguas, etc.
O medo e o dogmatismo degeneraram a mente humana. Faz-se urgente regenerá-la mediante a
livre iniciativa, espontânea, livre de medo...
Precisamos nos tornar conscientes de nossa própria vida e esse processo do despertar deve
começar nos próprios bancos da escola.
De pouco nos servirá a escola, se dela sairmos inconscientes e adormecidos. A abolição do medo
e a livre iniciativa darão origem à ação espontânea e pura.
Por livre iniciativa, os alunos e alunas, em todas as escolas, deveriam ter direito a discutir em
assembléia todas as teorias que estão estudando.
Somente assim, mediante a libertação do temor e com liberdade para discutir, analisar, meditar e
criticar sadiamente o que estamos estudando, é que poderemos nos tornar conscientes dessas
matérias e não meramente papagaios ou caturritas que repetem o que acumulam na memória.
Capítulo 2 - A IMITAÇÃO
Já foi totalmente demonstrado que o medo impede a livre iniciativa. A má situação econômica de
milhões de pessoas deve-se fora de qualquer dúvida a isso que se chama medo.
A criança amedrontada busca sua querida mãe e apega-se a ela querendo segurança. O esposo
amedrontado apega-se à esposa e sente que a ama muito mais. A esposa atemorizada procura seu
marido e seus filhos e sente que os ama muito mais.
Do ponto de vista psicológico, resulta curioso e interessante saber que o temor costuma às vezes
se disfarçar com a roupagem do amor.
As pessoas que internamente têm poucos valores espirituais, as pessoas internamente pobres,
sempre buscam fora algo para se completarem. As pessoas pobres internamente vivem sempre
intrigando, sempre às voltas com tolices: intrigas, prazeres animais, etc.
As pessoas pobres internamente vivem de temor em temor. Como é natural, apegam-se ao
marido, à mulher, aos pais, aos filhos, às velhas tradições caducas e degeneradas, etc.
Todo velho, doente e pobre psicologicamente, é geralmente cheio de medo e se aferra com ânsia
infinita ao dinheiro, às tradições da família, aos netos, às recordações, etc., como que buscando
segurança. Isto é algo que podemos evidenciar observando cuidadosamente os anciões.
Sempre que alguém sente medo, esconde-se atrás do escudo protetor da respeitabilidade,
seguindo uma tradição, seja de raça, de família, de nação, etc.
Realmente, toda tradição é uma mera repetição sem sentido algum, oca, sem valor verdadeiro...
Todas as pessoas têm uma marcada tendência a imitar o alheio. Isso de imitar é produto do
medo. As pessoas com medo imitam todos aqueles a quem se apegam. Imitam o marido, a
esposa, os filhos, os irmãos, os amigos que os protegem, etc.
A imitação é o resultado do medo. A imitação destrói totalmente a livre iniciativa.
Nas escolas, colégios e universidades, os professores e professoras cometem o erro de ensinar
aos estudantes, homens e mulheres, isso que se chama imitação.
Nas aulas de pintura e desenho, ensina-se aos alunos a copiar imagens de árvores, montanhas,
casas, animais, etc. Isso não é criar; isso é imitar, fotografar.
Criar não é imitar. Criar não é fotografar. Criar é traduzir, transmitir com o pincel e ao vivo, a
árvore que nos encanta, o belo pôr de sol, o amanhecer com suas inefáveis melodias, etc.
Há verdadeira criação na arte chinesa e japonesa do zen, na arte abstrata e semi-abstrata...
Qualquer pintor chinês do chan e do zen não se interessa imitar, fotografar. Os pintores da China
e do Japão gozam criando e tornando novamente a criar.
Os pintores do zen e do chan não imitam, criam, e esse é o seu trabalho.
Os pintores da China e do Japão não se interessam em pintar ou fotografar uma bela mulher, eles
gozam transmitindo sua beleza abstrata. Os pintores da China e do Japão não imitariam jamais
um belo ocaso, eles gozam transmitindo em beleza abstrata todo o encanto do por do sol.
O importante não é imitar, copiar em negro ou em branco; o importante é sentir a profunda
significação da beleza e sabê-la transmitir. Mas para isso é necessário que não haja medo, apego
à regras, à tradição, o temor ao que dirão ou à régua do professor. É urgente que os professores e professoras compreendam a necessidade de que os alunos
desenvolvam o poder criador.
A todas as luzes, é absurdo ensinar os estudantes a imitar. É melhor ensiná-los a criar.
Infelizmente, o ser humano é um autômato adormecido, inconsciente, que só sabe imitar.
Imitamos a roupa alheia, e dessa imitação saem as diversas correntes da moda. Imitamos os
costumes alheios, mesmo quando eles são bem equivocados. Imitamos os vícios; imitamos tudo
o que é absurdo, aquilo que sempre vive se repetindo no tempo, etc.
É preciso que os professores e professoras de escolas ensinem aos estudantes a pensar por si
mesmos, de forma independente.
Os professores devem oferecer aos estudantes todas as possibilidades para que deixem de ser
autômatos imitadores.
Os professores devem facilitar aos estudantes as melhores oportunidades para que eles
desenvolvam o poder criador.
É urgente que os estudantes conheçam a verdadeira liberdade, para que sem temor algum possam
aprender a pensar por si mesmos, livremente.
A mente que vive escrava do que dirão, a mente que imita por temor a violar as tradições, as
regras, os costumes, etc., não é uma mente criadora. não é uma mente livre.
A mente das pessoas é como uma casa fechada e selada com sete selos. Uma casa onde nada de
novo pode ocorrer.
Uma casa onde não entra o sol, e onde só reina a morte e a dor.
O novo só pode ocorrer onde não há medo, onde não existe imitação, onde não existe apego às
coisas, ao dinheiro, às pessoas, às tradições e aos costumes.
As pessoas vivem escravas da intriga, da inveja, dos costumes familiares, dos hábitos, do
insaciável desejo de ganhar posições, escalar, subir, chegar ao topo da escada, fazer-se sentir, etc.
É urgente que os professores e professoras ensinem aos seus estudantes, homens e mulheres, a
necessidade de não imitar toda essa ordem caduca e degenerada de coisas velhas.
É urgente que os alunos aprendam na escola a criar, a pensar e a sentir livremente.
Os alunos e alunas passam o melhor de sua vida na escola, adquirindo informação, e, no entanto,
não lhes sobra tempo para pensar em todas essas coisas.
Dez ou quinze anos na escola, vivendo vida de autômatos inconscientes, e saem da escola com a
consciência adormecida. Mas eles saem da escola julgando-se muito despertos.
A mente do ser humano vive engarrafada em idéias conservadoras e reacionárias. O ser humano
não consegue pensar com verdadeira liberdade, porque está cheio de medo.
O ser humano tem medo da vida, medo da morte, medo do que dirão, do diz que disse, da intriga,
da perda do emprego, de violar os regulamentos, de que alguém lhe tire o esposo ou a esposa,
etc.
Na escola somos ensinados a imitar, e saímos da escola convertidos em imitadores.
Não temos livre iniciativa, porque desde os bancos escolares nos ensinaram a imitar.
As pessoas imitam por medo do que os outros possam falar. Os alunos e alunas imitam devido a
que os professores os mantêm realmente aterrorizados. Ameaçam-nos a todo instante com uma
nota ruim, com determinados castigos, com expulsão, etc.
Se realmente queremos nos tornar criadores, no mais completo sentido da palavra, devemos nos
fazer conscientes de toda essa série de imitações que nos mantém presos infelizmente.
Quando já formos capazes de conhecer toda a série de imitações, quando já tivermos analisado
detidamente cada uma
delas, quando nos tivermos feito conscientes delas, como conseqüência lógica nascerá em nós, de
forma espontânea, o poder de criar.
É necessário que os alunos e alunas das escolas, colégios e universidades se libertem de toda
imitação, a fim de que se tornem criadores de verdade.
Equivocam-se os professores e professoras que supõem que os alunos e alunas precisam imitar
para aprender. Quem imita não aprende. Quem imita converte-se em um autômato. Isso é tudo!
Não se trata de imitar o que disseram os autores de geografia, física, aritmética, história, etc.
Imitar, memorizar, repetir como caturrita ou papagaio é estúpido. Melhor é compreender
conscientemente o que se está estudando.
A EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL é a ciência da consciência, a ciência que permite descobrir a
nossa relação com os seres humanos, com a natureza e com todas as coisas.
A mente que só sabe imitar é mecânica, é uma máquina que funciona, mas não é criadora, não é
capaz de criar, não pensa realmente, apenas repete. Isso é tudo.
Os professores e professoras devem se ocupar com o despertar da consciência em cada estudante.
Os alunos e alunas só se preocupam em passar de ano e depois, já fora da escola, na vida prática,
convertem-se em empregadinhos de escritório ou em maquininhas de fazer filhos.
Dez ou quinze anos de estudos para sair convertido em autômato falante... As matérias estudadas
vão sendo esquecidas pouco a pouco e por fim não resta nada na memória.
Se os estudantes fizessem consciência das matérias estudadas, se seu estudo não se baseasse
unicamente na informação, na imitação e na memória, outro galo cantaria. Sairiam da escola com
conhecimentos conscientes, inesquecíveis, completos, os quais não estariam submetidos à infiel
memória.
A EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL ajudará os estudantes, despertando-lhes a consciência e a
inteligência.
A EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL leva os jovens pelo caminho da verdadeira revolução.
Os alunos e alunas devem insistir para que os professores lhes ensinem a verdadeira educação, a
EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL.
Não é suficiente que os alunos e alunas fiquem sentados nos bancos escolares para receber
informação de algum rei ou de alguma guerra. Necessita-se algo mais, necessita-se de
EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL para despertar a consciência.
É urgente que os alunos saiam da escola maduros, conscientes de verdade, inteligentes, para que
não se convertam em simples peças automáticas da maquinaria social.
Capítulo 3 - AS AUTORIDADES
O governo possui autoridade, o estado possui autoridade; a polícia, a lei, o soldado, os pais de
família, os professores, os guias religiosos, etc., possuem autoridade.
Existem dois tipos de autoridade: AUTORIDADE SUBCONSCIENTE e AUTORIDADE
CONSCIENTE.
As autoridades inconscientes ou subconscientes não servem para nada. Necessitamos com
urgência de autoridades auto-conscientes.
As autoridades inconscientes ou subconscientes têm enchido o mundo de lágrimas e de dor.
No lar e na escola, as autoridades inconscientes abusam de seu poder, pelo próprio fato de serem
inconscientes ou subconscientes.
Os pais e professores inconscientes, hoje em dia, são apenas cegos guias de cegos e, como dizem
as Sagradas Escrituras, irão todos se despencar de cabeça no abismo. Pais e professores inconscientes nos obrigam, durante a infância, a fazer coisas absurdas, mas
que para eles são lógicas. Afirmam ainda que isso é para o nosso bem.
Os pais de família são autoridades inconscientes, como bem demonstra o fato de tratarem seus
filhos como lixo, como se eles fossem seres superiores da espécie humana.
Os professores e professoras terminam odiando determinados alunos ou alunas e mimando ou
favorecendo outros. Às vezes, castigam severamente qualquer estudante odiado, ainda que este
último não seja um perverso, e recompensam com magníficas notas muitos alunos ou alunas
mimados que verdadeiramente não merecem.
Pais de família e professores de escola ditam normas equivocadas para os meninos, meninas,
jovens, senhoritas, etc.
As autoridades que não têm auto-consciência só conseguem fazer coisas absurdas.
Necessitamos de autoridades auto-conscientes. Entende-se por autoconsciência o conhecimento
íntegro de si mesmo, o total conhecimento de todos os valores internos.
Só aquele que possui de verdade pleno conhecimento de si mesmo está desperto de forma
íntegra. Isto é ser auto-consciente. Todo mundo pensa que se auto-conhece, porém é muito difícil
achar na vida alguém que realmente conheça a si mesmo. As pessoas têm sobre si mesmas
conceitos totalmente equivocados.
Conhecer a si mesmo requer grandes e terríveis auto-esforços. Só mediante o conhecimento de si
mesmo chega-se verdadeiramente à autoconsciência.
O abuso de autoridade deve-se à inconsciência. Nenhuma autoridade auto-consciente chegaria
jamais ao abuso de poder.
Alguns filósofos estão contra toda autoridade, detestam as autoridades. Semelhante forma de
pensar é falsa, porque em toda a criação, desde o micróbio até o sol, há escalas e escalas, graus e
graus, forças superiores que controlam e dirigem e forças inferiores que são controladas e
dirigidas.
Em uma simples colmeia de abelhas há autoridade na rainha. Em qualquer formigueiro há leis e
autoridade. A destruição do princípio de autoridade conduziria à anarquia.
As autoridades desta época crítica em que vivemos são inconscientes e é claro que devido a esse
fato psicológico escravizam, prendem; abusam, causam dor, etc.
Precisamos de professores, instrutores ou guias espirituais, autoridades governamentais, pais de
família, etc., plenamente auto-conscientes. Só assim conseguiremos fazer de verdade um mundo
melhor.
É estúpido dizer que não se precisa de Mestres e de guias espirituais. É absurdo desconhecer o
princípio de autoridade em toda a criação.
Aqueles que se julgam auto-suficientes são tipos orgulhosos que opinam que os Mestres e guias
espirituais não são necessários.
Devemos reconhecer nossa própria nulidade e miséria. Devemos compreender que precisamos de
autoridades: Mestres, instrutores espirituais, etc., mas auto-conscientes, a fim de que sejamos
dirigidos, ajudados e guiados sabiamente.
A autoridade inconsciente dos professores destrói o poder criador dos alunos e alunas. Se o aluno
pinta, o professor inconsciente lhe diz o que deve pintar: a árvore ou a paisagem que deve copiar.
O aluno aterrorizado não se atreve a sair das normas mecânicas do professor. Isso não é criar.
É preciso que o estudante torne-se criador e que seja capaz de sair das normas inconscientes do
professor inconsciente, a fim de que possa transmitir tudo aquilo que sente em relação à árvore,
todo o encanto da vida que circula pelas folhas trêmulas da árvore, todo o seu profundo
significado.
Um professor consciente não se oporia à criatividade libertadora do espírito.
Os professores com autoridade consciente, jamais mutilariam a mente dos alunos e alunas.
Os professores inconscientes destróem com sua autoridade a mente e a inteligência dos alunos e
alunas. Os professores com autoridade inconsciente só sabem castigar e ditar normas estúpidas,
para que os alunos se comportem bem.
Os professores auto-conscientes ensinam com suma paciência a seus alunos e alunas, ajudando-
os a compreender suas dificuldades individuais, a fim de que, as compreendendo, possam
transcender todos seus erros e avançar com sucesso.
A autoridade consciente ou auto-consciente jamais poderia destruir a inteligência.
A autoridade inconsciente destrói a inteligência, causando graves danos aos alunos e alunas A
inteligência só vem a nós quando gozamos de verdadeira liberdade, e os professores auto-
conscientes com autoridade sabem de verdade respeitar a liberdade criadora.
Os professores inconscientes crêem que sabem tudo e atropelam a liberdade dos estudantes,
castrando-lhes a inteligência com suas normas sem vida,
Os professores auto-conscientes sabem que não sabem, e até se dão ao luxo de aprender
observando as capacidades criadoras de seus discípulos.
É preciso que os estudantes das escolas, colégios e universidades, passem da simples condição de
autômatos disciplinados à brilhante posição de seres inteligentes e livres para que possam fazer
frente, com todo êxito, a todas as dificuldades da existência.
Isto requer professores auto-conscientes, competentes, que realmente se interessem por seus
discípulos. Professores que sejam bem pagos, para que não tenham angústias monetárias de
espécie alguma.
Infelizmente, todo professor, todo pai de família, todo aluno, crê-se auto-consciente, desperto;
este é o seu maior erro.
É muito raro achar uma pessoa auto-consciente e desperta na vida. As pessoas sonham quando o
corpo dorme e sonham quando o corpo está em estado de vigília.
As pessoas dirigem o carro sonhando, trabalham sonhando, andam pelas ruas sonhando; vivem
sonhando a toda hora.
É muito natural que um professor se esqueça do guarda-chuva, que deixe no carro um livro ou
sua carteira. Tudo isso acontece porque o professor tem a consciência adormecida, sonha...
É muito difícil que as pessoas aceitem que estejam adormecidas. Todo mundo julga-se desperto.
Se alguém aceitasse que tem sua consciência adormecida, é claro que a partir desse momento
começaria a despertar.
O aluno ou aluna esquece em casa o livro ou caderno que teria de levar à escola. Um
esquecimento desses parece normal, e é, mas indica, mostra, o estado de sonho em que se acha a
consciência humana.
Os passageiros de qualquer serviço de transporte urbano costumam às vezes passar da rua.
Estavam adormecidos e quando se acordam percebem que passaram da rua e agora têm que
voltar a pé umas quantas quadras.
Rara vez na vida o ser humano está desperto realmente. Quando esteve, ao menos por um
momento, como nos casos de infinito terror, pôde perceber a si mesmo de forma íntegra. Aqueles
momentos foram inesquecíveis.
O homem que volta para casa depois de ter percorrido toda a cidade, dificilmente se lembrará de
forma minuciosa de todos pensamentos, incidentes, pessoas, coisas, idéias, etc. Ao tratar de se
lembrar, encontrará em sua memória grandes vazios que correspondem precisamente aos estados
de sono mais profundos. Alguns estudantes de psicologia se propõem a viver alertas de momento a momento, porém logo
dormem. Talvez ao encontrar algum amigo na rua, ao entrar em alguma loja para fazer compras,
etc. Horas mais tarde lembram-se de sua decisão de viver alertas e despertos de momento a
momento, é quando se dão conta que haviam dormido quando entraram em tal ou qual lugar ou
quando se encontraram com tal ou qual pessoa.
Ser auto-consciente é algo muito difícil, mas pode se chegar a este estado aprendendo a viver
alerta e vigilante de momento a momento.
Se queremos chegar à autoconsciência, teremos de conhecer a nós mesmos de forma integral.
Todos nós temos o eu, o mim mesmo, o Ego, que precisamos explorar para conhecer a nós
mesmos e para nos tornarmos auto-conscientes.
É urgente observar, analisar e compreender cada um dos nossos defeitos. É necessário estudar a
nós mesmos no terreno da mente, das emoções, dos hábitos, do instinto e do sexo.
A mente tem muitos níveis, regiões ou departamentos subconscientes que devemos conhecer a
fundo através da observação, da análise, da meditação e profunda compreensão íntima.
Qualquer defeito pode desaparecer da região intelectual e continuar existindo em outros níveis
inconscientes da mente.
A primeira coisa que precisamos é despertar, para compreender nossa própria miséria, nulidade e
dor. Depois, o eu começa a morrer de momento a momento. A morte do Eu Psicológico é
urgente.
Só com a morte do eu nasce o Ser verdadeiramente consciente em nós. Apenas o Ser pode
exercer verdadeira autoridade consciente. Despertar, morrer e nascer são as três fases
psicológicas que nos levam à verdadeira existência consciente.
Há que despertar para morrer e há que morrer para nascer. Quem morre sem ter despertado,
converte-se em um santo estúpido. Quem nasce sem ter morrido, converte-se em um indivíduo
de dupla personalidade: a muito justa e a muito perversa.
O exercício da verdadeira autoridade só pode ser exercido por aqueles que possuem o Ser
consciente.
Aqueles que ainda não possuem o Ser consciente, aqueles que ainda não são auto-conscientes,
costumam abusar de sua autoridade e causar muito dano.
Os professores devem aprender a mandar e os alunos devem aprender a obedecer.
Aqueles psicólogos que se pronunciam contra a obediência, estão de fato muito equivocados,
porque ninguém pode mandar conscientemente sem antes ter aprendido a obedecer.
Há que saber mandar conscientemente e há que saber obedecer conscientemente.
Capítulo 4 - A DISCIPLINA
Os professores de escolas, colégios e universidades dão muita importância à disciplina e nós
devemos estudá-la neste capítulo detidamente.
Todos nós que passamos por escolas, colégios e universidades sabemos bem o que é a disciplina:
regras, palmatórias, repreensões, etc.
Disciplina é isso que se chama cultivo da resistência. Os professores de escola ficam encantados
em cultivar a resistência.
Ensinam-nos a resistir, a erguer algo contra alguma coisa. Ensinam-nos a resistir às tentações da
carne, a nos açoitarmos e a fazermos penitência para resistir. Ensinam-nos a resistir às tentações
que traz a preguiça: tentações para não estudar, para não ir à escola, e a brincar, rir, zombar dos
professores, violar os regulamentos, etc.
Os professores e professoras têm o conceito equivocado de que mediante a disciplina poderemos
compreender a necessidade de respeitar a ordem da escola, a necessidade de estudar, de guardar
compostura diante deles, de nos comportarmos bem com os demais alunos, etc.
Existe entre as pessoas o conceito equivocado de que quanto mais resistirmos, quanto mais
repelirmos, mais nos tornaremos compreensivos, livres, plenos e vitoriosos. Não querem se dar
conta de que quanto mais lutarmos contra alguma coisa, quanto mais a repelirmos, quanto mais
resistirmos a ela, menor será a compreensão.
Se lutamos contra o vício da bebida, este desaparecerá por um tempo, mas como não o
compreendemos a fundo, em todos os níveis da mente, ele retornará mais tarde, quando nos
descuidemos da guarda, e beberemos de uma vez por todo o ano.
Se repelimos o vício da fornicação, por um tempo seremos aparentemente bem castos, porém em
outros níveis da mente continuamos sendo espantosos sátiros, como bem podem demonstrar os
sonhos eróticos e as poluções noturnas.
Depois, voltamos com mais força às nossas antigas andanças de fornicários irredentos, devido ao
fato concreto de não termos compreendido a fundo o que é a fornicação.
Muitos são os que rechaçam a cobiça, os que lutam contra ela, os que se disciplinam contra ela
seguindo determinadas normas de conduta. Mas, como não compreenderam de verdade todo o
processo da cobiça, terminam no fundo cobiçando não ser cobiçosos.
Muitos são os que se disciplinam contra a ira, os que aprendem a resisti-la, mas ela continua
existindo em outros níveis da mente subconsciente, mesmo quando aparentemente tenha
desaparecido de nosso caráter. Ao menor descuido, o subconsciente nos atraiçoa e trovejamos e
relampejamos cheios de ira. E quando menos esperamos e talvez por algum motivo sem a menor
importância.
São muitos os que se disciplinam contra o ciúme e por fim crêem firmemente que o extinguiram.
Mas, como não o compreenderam, é claro que aparece novamente em cena, e justamente quando
já o julgávamos bem mortos.
Só com plena ausência de disciplinas, só em liberdade autêntica, surge na mente a ardente
labareda da compreensão.
A liberdade criadora não pode existir jamais dentro de uma armadura. Precisamos de liberdade
para compreender nossos defeitos psicológicos de forma integral. Precisamos com urgência
derrubar muros e romper grilhões de aço para sermos livres.
Temos que experimentar por nós mesmos tudo aquilo que os professores na escola e os pais em
casa disseram que é bom e útil. Não basta aprender de memória e imitar. Necessitamos
compreender.
Todo o esforço dos professores e professoras deve ser dirigido à consciência dos alunos. Devem
se esforçar para que eles entrem no caminho da compreensão.
Não é suficiente dizer aos alunos que devem ser isto ou aquilo. É preciso que os alunos
aprendam a ser livres para que possam por si mesmos examinar, estudar e analisar todos os
valores, todas as coisas que lhes disseram ser boas, úteis, nobres; não basta meramente aceitá-las
e imitá-las.
As pessoas não querem descobrir por si mesmas, têm a mente fechadas estúpida; mente que não
quer indagar; mentes mecânica que jamais indagam e que só imitam.
É necessário, urgente e indispensável que os alunos e alunas, desde a mais tenra idade até o
momento de abandonar as aulas, gozem de verdadeira liberdade para descobrir por si próprios,
para inquirir, para compreender, a fim de não ficarem limitados pelos abjetos muros das
proibições, censuras e disciplinas.
Se aos alunos se diz o que devem e o que não devem fazer e não se lhes permite compreender e
experimentar, onde então está a sua inteligência? Qual foi a oportunidade que se deu à
inteligência?
Para que serve passar em exames, se vestir bem, ter muitos amigos, etc., se não somos
inteligentes?
A inteligência só virá a nós quando formos verdadeiramente livres para investigar por nós
mesmos, para compreender, para analisar independentemente sem temor à censura e sem o
castigo das disciplinas.
Os estudantes medrosos, assustados, submetidos a terríveis disciplinas, jamais poderão saber.
Jamais poderão ser inteligentes.
Hoje em dia, a única coisa que interessa aos pais de família e aos professores é que os alunos
façam uma carreira, que se tornem médicos, advogados, engenheiros, contadores, etc., isto é,
autômatos viventes. Que depois se casem e se convertam em máquinas de fazer bebês. Isso é
tudo!
Quando um rapaz ou uma moça quer fazer alguma coisa nova, diferente, quando sente a
necessidade de sair dessa armadura de preconceitos, hábitos antiquados, regras, tradições
familiares, nacionais, etc., os pais de família apertam mais os grilhões da prisão e dizem ao rapaz
ou à moça: "não faça isso, não estamos dispostos a te apoiar nisso! Essas coisas são loucuras,
etc., etc.
Total: o rapaz ou a garota ficam formalmente presos no cárcere das disciplinas, tradições,
costumes antiquados, idéias decrépitas, etc.
A EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL ensina a conciliar a ordem com a liberdade.
A ordem sem liberdade é tirania. A liberdade sem ordem é anarquia. Liberdade e ordem
sabiamente combinadas constituem a base da EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL.
Os alunos devem gozar de perfeita liberdade para averiguar por si mesmos, para inquirir, para
descobrir o que há realmente de certo nas coisas e aquilo que podem fazer na vida.
Os alunos e alunas, os soldados e os policiais e em geral todas as pessoas que têm de viver
submetidas a rigorosas disciplinas, costumam se tornar cruéis, insensíveis à dor humana,
impiedosas...
A disciplina destrói a sensibilidade humana e isto já está totalmente demonstrado pela
observação e pela experiência.
Devido a tantas disciplinas e regulamentos, as pessoas desta época perderam totalmente a
sensibilidade e se tornaram cruéis e impiedosas.
Para sermos verdadeiramente livres temos de ser muito sensíveis e humanitários.
Nas escolas, colégios e universidades, se ensina aos estudantes que devem prestar atenção
durante a aula, e os alunos e as alunas prestam atenção para evitar a censura, o puxão de orelhas,
a batida com a régua, etc. Porém, infelizmente, não se lhes ensina a compreender realmente o
que é a atenção consciente.
Por disciplina, o estudante presta atenção e gasta energia criadora muitas vezes de forma inútil.
A energia criadora é o tipo mais sutil de força fabricado pela máquina orgânica.
Nós comemos e bebemos e todos os processos da digestão são no fundo processos de sutilização,
em que as matérias grosseiras se convertem em matérias e forças úteis. A energia criadora é o
tipo de matéria e de força mais sutil elaborado pelo organismo.
Se soubermos prestar atenção conscientemente, poderemos economizar energia criadora.
Infelizmente, os professores e professoras não ensinam aos seus discípulos o que é a atenção
consciente.
Para onde quer que dirijamos a atenção, gastamos energia criadora. Poderemos economizar essa
energia se dividirmos a atenção, se não nos identificarmos com as coisas, com as pessoas ou com
as idéias.
Quando nos identificamos com as pessoas, as coisas ou com as idéias, nos esquecemos de nós
mesmos e perdemos energia criadora da forma mais lastimável.
É urgente saber que precisamos economizar a energia criadora para despertar a consciência, e
que a energia criadora é o potencial vivo, o veículo da consciência, o instrumento para despertar
a consciência.
Quando aprendemos a não nos esquecermos de nós mesmos, quando aprendemos a dividir a
atenção em sujeito, objeto e lugar, economizamos energia criadora para despertar a consciência.
É preciso aprender a dirigir a atenção para despertar a consciência, mas os alunos e as alunas
nada sabem sobre isto porque seus professores e professoras não lhes ensinaram.
Quando aprendemos a usar a atenção conscientemente, a disciplina fica sobrando.
O estudante ou a estudante atento em sua classe, à sua lição, em ordem, não precisa de qualquer
espécie de disciplina.
É urgente que os professores compreendam a necessidade de conciliar inteligentemente a ordem
e a liberdade, e isto só é possível com a atenção consciente.
A atenção consciente exclui isso que se chama identificação. Quando nos identificamos com as
pessoas, com as coisas ou com as idéias, vem a fascinação e esta produz o sonho da consciência.
Há que saber prestar atenção sem se identificar. Quando prestamos atenção em algo ou alguém e
nos esquecemos de nós mesmos, o resultado é a fascinação e o sonho da consciência.
Observem cuidadosamente alguém que está vendo um filme no cinema. Encontra-se adormecido.
Ignora a tudo e a si mesmo, está oco, parece um sonâmbulo. Sonha com o que vê no filme, com o
herói da aventura.
Os alunos e alunas devem prestar atenção nas aulas sem se esquecerem de si mesmos, para não
caírem no espantoso sonho da consciência.
O aluno deve ver a si mesmo em cena quando estiver prestando exame ou quando estiver no
quadro negro por ordem do professor, quando estiver estudando, descansando ou brincando com
seus colegas.
A atenção dividida em três partes: sujeito, objeto e lugar, é de fato atenção consciente.
Quando não cometemos o erro de nos identificar com as pessoas, com as coisas ou com as idéias,
economizamos energia criadora e nos precipitamos no despertar da consciência.
Quem quiser despertar a consciência nos mundos superiores, deve começar por despertar aqui e
agora.
Quando o estudante comete o erro de se identificar com as pessoas, as coisas ou as idéias,
quando comete o erro de se esquecer de si mesmo, cai na fascinação e no sonho.
A disciplina não ensina os estudantes a prestar atenção conscientemente. A disciplina é uma
verdadeira prisão para a mente.
Os alunos e alunas devem aprender a dirigir a atenção consciente desde os bancos da escola, para
que mais tarde, na vida prática, fora da escola, não cometam o erro de se esquecerem de si
mesmos.
O homem que se esquece de si mesmo diante de um insultador, identifica-se com ele, fascina-se
e cai no sono da inconsciência. Então, fere ou mata e vai para a prisão inevitavelmente.
Aquele que não se deixa fascinar com o insulto, aquele que não se identifica com ele, aquele que
não se esquece de si mesmo, aquele que sabe usar sua atenção conscientemente, seria incapaz de
dar valor às palavras do insultador, de feri-lo ou de matá-lo.
Todos os erros que o ser humano comete na vida são devidos a que se esquece de si mesmo, se
identifica, fascina-se e cai no sonho.
Melhor seria que para a juventude, para todos os estudantes, se os ensinássemos o despertar da
consciência, ao invés de escravizá-los com tantas disciplinas absurdas.
Capítulo 5 - O QUE PENSAR E COMO PENSAR
No lar e na escola, os pais de família e os professores sempre nos dizem o que devemos pensar,
mas jamais na vida nos ensinam COMO PENSAR.
Saber o que pensar é relativamente fácil. Nossos pais, professores, tutores, autores de livros, etc.,
são, cada um, ditadores ao seu modo. Cada um deles quer que pensemos em seus ditos,
exigências, teorias, preconceitos, etc.
Os ditadores da mente abundam como a erva daninha. Existe por todas as partes uma tendência
perversa para escravizar a mente alheia, para engarrafá-la, para obrigá-la a viver dentro de
determinadas normas, preconceitos, escolas, etc.
Os milhares e milhões de ditadores da mente jamais quiseram respeitar a liberdade mental de
ninguém. Se alguém não pensa como eles pensam, é classificado de perverso, renegado,
ignorante, etc. Todo mundo quer escravizar todo mundo. Todo mundo quer atropelar a liberdade
intelectual dos demais. Ninguém quer respeitar a liberdade do pensamento alheio. Cada um se
julga judicioso, sábio, maravilhoso, etc., e quer, como é natural, que os outros sejam como ele,
que o convertam em modelo e que pensem como ele.
Abusou-se demasiado da mente. Observem os comerciantes e sua propaganda através do jornal,
do rádio ou da televisão. A propaganda comercial é feita de forma ditatorial. Compre o sabão tal!
Os sapatos tal! Tantos reais! Tantos dólares! Compre agora mesmo! Imediatamente! Não deixe
para amanhã! Tem de ser imediatamente! etc. Só falta dizer que se não obedecermos, nos metem
na cadeia ou nos assassinam.
O pai quer meter suas idéias à força no filho, e o professor na escola censura, castiga e dá notas
baixas se o rapaz ou a moça não aceita suas idéias expostas ditatorialmente.
Metade da humanidade quer escravizar a mente da outra metade. Essa tendência a escravizar a
mente dos demais salta aos olhos quando estudamos as negras páginas da negra história.
Por todas as partes existiram e existem sangrentas ditaduras empenhadas em escravizar os povos.
Sangrentas ditaduras que ditam o que a gente deve pensar. Infeliz daquele que tente pensar
livremente, inevitavelmente irá para os campos de concentração da Sibéria, para a prisão, para os
trabalhos forçados, para a forca, o fuzilamento, o exílio, etc.
Tanto os professores e professoras, os pais de família e os livros, não querem ensinar COMO
PENSAR.
As pessoas adoram obrigar os outros a pensar de acordo com o que crêem e é claro que nisto
cada um é um ditador a seu modo. Cada um se julga a última palavra, cada um crê firmemente
que todos os outros devem pensar como ele, porque ele é o melhor do melhor.
Pais de família, professores, patrões, etc., censuram e voltam a censurar seus subordinados.
É espantosa essa horrível tendência da humanidade a faltar com o respeito aos outros, a atropelar
a mente alheia, a enjaular, prender, escravizar, acorrentar, o pensamento alheio.
O marido quer meter à força suas idéias, sua doutrina, na cabeça da mulher e esta quer fazer a
mesma coisa com ele.
Muitas vezes, marido e mulher se divorciam por incompatibilidade de idéias.
Os cônjuges não querem compreender a necessidade de se respeitar a liberdade intelectual alheia.
Nenhum cônjuge tem o direito de escravizar a mente do outro. Cada um é de fato digno de
respeito. Cada um tem o direito de pensar como quiser, de professar sua religião e de pertencer
ao partido político que quiser.
Aos meninos e meninas na escola se obriga a pensar em tais ou quais idéias, porém não se lhes
ensina a dirigir a mente.
A mente das crianças é delicada, elástica e dúctil, enquanto que a dos velhos já está endurecida,
rija como argila em um molde; já não muda e não pode mudar.
A mente dos meninos e jovens é suscetível de muitas mudanças; pode mudar.
Aos meninos e jovens pode-se ensinar COMO PENSAR. Aos velhos é muito difícil ensinar isto,
porque eles já são como são e assim morrem. É muito raro encontrar na vida algum velho
interessado em mudar radicalmente.
A mente das pessoas é moldada desde a infância. Isto é o que os pais de família e os professores
de escola preferem fazer. Eles gozam dando forma à mente das crianças e jovens.
Mente metida em um molde é de fato mente condicionada, mente escrava.
É preciso que os professores e professoras rompam os grilhões da mente.
É urgente que os professores saibam dirigir a mente das crianças para a verdadeira liberdade,
para que não se deixem escravizar mais.
É indispensável que os professores ensinem aos alunos e alunas COMO SE DEVE PENSAR.
Os professores devem compreender a necessidade de ensinar aos alunos e alunas o caminho da
análise, da meditação e da compreensão.
Nenhuma pessoa compreensiva deve aceitar jamais de forma dogmática nada. Primeiro é preciso
investigar, inquirir e compreender antes de aceitar.
Em outras palavras, diremos que não há necessidade de aceitar, e sim de investigar, analisar,
meditar e compreender.
Quando a compreensão é plena, a aceitação é desnecessária.
De nada serve enchermos a cabeça de informação intelectual, se ao sairmos da escola não
sabemos pensar e continuamos como autômatos viventes, como máquinas, repetindo a mesma
rotina de nossos pais, avós, bisavós, etc.
Repetir sempre a mesma coisa, viver vida de máquina, da casa para o escritório e do escritório
para casa, casar para se converter em maquininha de fazer filhos, isso não é viver. Se para isso
estudamos, se para isso fomos à escola, ao colégio e à universidade durante dez ou quinze anos,
melhor teria sido não estudar.
Mahatma Ghandi foi um homem bem singular. Muitas vezes os pastores protestantes sentaram-
se à sua porta por horas inteiras lutando para converte-lo ao cristianismo protestante. Ghandi não
aceitava o ensinamento dos pastores, mas tampouco o rejeitava. Compreendia-o, respeitava-o e
isso era tudo.
Muitas vezes o Mahatma dizia: "Eu sou brâmane, judeu, cristão, maometano..." O Mahatma
compreendia que todas as religiões são necessárias, porque todas elas conservam os mesmos
valores eternos.
Isso de rejeitar ou aceitar alguma doutrina ou conceito revela falta de maturidade mental.
Quando rejeitamos ou aceitamos alguma coisa, é porque não a compreendemos.
Onde há compreensão, a aceitação ou a rejeição ficam sobrando.
A mente que crê, a mente que não crê ou a mente que duvida é mente ignorante.
O caminho da sabedoria não consiste em crer, não crer ou duvidar.
O caminho da sabedoria consiste em inquirir, analisar, meditar e experimentar.
A verdade é o desconhecido de momento a momento. A verdade nada tem que ver com o que
alguém acredita ou o que deixe de acreditar, nem tampouco com o ceticismo.
A verdade não é questão de aceitar ou de rejeitar. A verdade é questão de experimentar, viver,
compreender.
Todo o esforço dos professores deve ser para levar, em última síntese, aos alunos e alunas à
experiência do real, do verdadeiro.
É urgente que os professores e professoras abandonem essa tendência antiquada e perniciosa de
modelar a mente plástica e dúctil das crianças.
É absurdo que pessoas adultas, cheias de preconceitos, paixões, idéias preconcebidas e
antiquadas, atropelem a mente das crianças e dos jovens, procurando modelar suas mentes de
acordo com suas idéias rançosas, estúpidas e antiquadas.
Melhor é respeitar a liberdade intelectual dos alunos e alunas, respeitar sua prontidão mental e
sua espontaneidade criadora.
Os professores e professoras não têm o direito de enjaular a mente dos alunos e alunas.
O fundamental não é ditar à mente dos alunos o que deve pensar, e sim ensinar-lhes COMO
PENSAR de forma completa.
A mente é o instrumento do conhecimento, e é necessário que os professores e professoras
ensinem aos alunos e alunas a dirigir sabiamente esse instrumento.
Capítulo 6 - A BUSCA DA SEGURANÇA
Quando os pintinhos sentem medo, escondem-se debaixo das asas amorosas da galinha em busca
de segurança.
A criança assustada corre em busca de sua mãe, porque junto a ela se sente segura.
Fica portanto demonstrado que o medo e a busca de segurança estão sempre intimamente
associados.
O homem que teme ser assaltado por bandidos busca segurança em seu revólver.
O país que teme ser atacado por outro comprará canhões, aviões, navios de guerra, armará
exércitos e se porá em pé de guerra.
MUITA GENTE QUE NÃO SABE TRABALHAR, ATERRORIZADA DIANTE DA
MISÉRIA, BUSCA SEGURANÇA NO DELITO E SE TORNA LADRÃO, ASSALTANTE,
ETC. MUITAS MULHERES, FALTAS DE INTELIGÊNCIA, ASSUSTADAS DIANTE DA
POSSIBILIDADE DA MISÉRIA, CONVERTEM-SE EM PROSTITUTAS.
O homem ciumento teme perder sua mulher e busca segurança na arma; mata e depois, é claro,
vai parar na cadeia.
A mulher ciumenta mata sua rival ou seu marido e assim se converte em assassina. Ela teme
perder o marido e, querendo segurá-lo, mata a outra ou resolve matar o marido.
O proprietário temeroso de que o inquilino não pague o aluguel da casa exige contratos, fiadores,
depósitos, etc., querendo assim se assegurar; e se uma viúva pobre e cheia de filhos não pode
preencher tão tremendos requisitos, e se todos os proprietários de casas de uma cidade pedem a
mesma coisa, a infeliz terá de ir dormir com seus filhos na rua ou em algum parque.
Todas as guerras tiveram sua origem no medo.
As gestapos, as torturas, os campos de concentração, as Sibérias, as espantosas prisões, os
exílios, trabalhos forçados. fuzilamentos. etc.. têm sua origem no medo.
As nações atacam outras nações por medo, buscam segurança na violência. Crêem que matando,
invadindo, etc., poderão fazer-se seguras, fortes e poderosas.
Nos escritórios das polícias secretas, de contra-espionagem, etc., tanto no leste como no oeste, se
tortura os espiões, se os teme, querem fazê-los confessar com o propósito de tornar o estado mais
seguro.
Todos os delitos, todas as guerras, todos os crimes, têm sua origem no medo e na busca de
segurança.
Em outros tempos, havia sinceridade entre as pessoas. Hoje, o medo e a busca de segurança
acabaram com a maravilhosa fragrância da sinceridade.
O amigo desconfia do amigo, pois teme que este o roube, o engane, o explore, etc. Até existem
máximas estúpidas e perversas como esta: nunca dês as costas ao teu melhor amigo. Os
hitlerianos diziam que esta máxima era de ouro.
Ora, se o amigo teme o amigo e até usa máximas para se proteger, já não há sinceridade entre os
amigos. O medo e a busca de segurança acabaram com a deliciosa fragrância da sinceridade.
Fidel Castro em Cuba fuzilou milhares de cidadãos, temeroso de que acabassem com ele. Castro
busca segurança fuzilando. Crê que assim se manterá seguro.
Stalin, o perverso e sanguinário Stalin, empesteou a Rússia com seus sangrentos expurgos. Esta
era a sua maneira de procurar segurança.
Hitler organizou a Gestapo, a terrível Gestapo, para segurança do estado. Não resta dúvida de
que temia que o derrubassem e por isso fundou-a.
Todas as amarguras deste mundo têm origem no medo e na busca de segurança.
Os professores e professoras de escola devem ensinar aos alunos e alunas a virtude da coragem.
É lamentável encher os meninos e meninas de temor, começando no próprio lar.
Os meninos e meninas são ameaçados, intimidados, atemorizados, levam pauladas, etc.
Os pais de família e os professores costumam atemorizar as criança e os jovens com o propósito
de fazê-los estudar.
Geralmente se diz às crianças e aos jovens que se não estudarem terão de pedir esmola, de vagar
famintos pelas ruas, de exercer trabalhos muito humildes como engraxar sapatos, carregar fardos,
vender jornais, trabalhar no arado, etc. como se trabalhar fosse um delito.
No fundo, atrás de todas estas palavras dos pais e dos professores, está o medo pelo filho e a
busca de segurança para o filho.
O grave de tudo isto que estamos dizendo é que a criança e o jovem ficam complexados,
enchem-se de temor e mais tarde na vida prática serão sujeitos cheios de medo.
Os pais de família e professores que têm o mau gosto de assustar os meninos e meninas, os
jovens e as senhoritas, de forma inconsciente os estão encaminhando para o caminho do delito,
pois, como já dissemos, todo delito tem sua origem no medo e na busca de segurança.
Hoje em dia, o medo e a busca de segurança converteram o planeta Terra num espantoso inferno.
Todo mundo teme. Todo mundo quer segurança.
Em outros tempos, podia-se viajar livremente. Agora, as fronteiras estão cheias de guardas
armados, que exigem passaportes e atestados de todo tipo para se ter o direito de passar de um
país a outro.
Tudo isso é o resultado do medo e da busca de segurança. Teme-se o que viaja, teme-se quem
chega e busca-se segurança em passaportes e papéis de todo tipo.
Os professoras de escolas, colégios e universidades devem compreender o horror de tudo isso e
cooperar para o bem do mundo, sabendo como educar as novas gerações: ensinando-lhes o
caminho da coragem autêntica.
É urgente ensinar às novas gerações a não temer e a não buscar segurança em nada nem
ninguém.
É indispensável que todo indivíduo aprenda a confiar mais em si mesmo.
O medo e a busca de segurança são terríveis fraquezas que converteram a vida num espantoso
inferno.
Por todas as partes abundam os covardes, os medrosos, os fracos, que andam sempre em busca
de segurança.
Teme-se a vida, teme-se a morte, teme-se o que dirão, o diz que disse, teme-se perder a posição
social, a posição política, o prestígio, o dinheiro, a bela casa, a bonita mulher, o bom marido, o
emprego, o negócio, a loja, os móveis, o carro, etc. Teme-se a tudo e por todas as partes
abundam os covardes, os fracos, os medrosos, etc. Mas ninguém se julga covarde; todos se
presumem fortes, valentes, etc.
Em todas as categorias sociais há milhares e milhões de interesses que se teme perder e por isso
todo mundo busca seguranças que, por força de se fazerem cada vez mais e mais complexas,
tornam de fato a vida cada vez mais complicada, cada vez mais difícil, cada vez mais amarga,
cruel e impiedosa.
Todas as fofocas, todas as calúnias, as intrigas, etc., têm sua origem no medo e na busca de
segurança.
Para não perder a fortuna, a posição, o prestígio, o poder, etc., propagam-se as calúnias e as
intrigas. Assassina-se e paga-se para que se assassine em segredo.
Os poderosos da terra até dão-se ao luxo de terem assassinos contratados e muito bem pagos,
com o asqueroso propósito de eliminar todo aquele que ameace os eclipsar.
Eles amam o poder pelo próprio poder e o asseguram à base de dinheiro e muito sangue.
Os jornais constantemente estão dando notícias de inúmeros casos de suicídio.
Muitos julgam que quem se suicida é um valente, mas, na realidade, quem se suicida é um
covarde que tem medo da vida e que busca segurança nos descarnados braços da morte.
Alguns heróis de guerra foram conhecidos como pessoas fracas e covardes, mas seu terror foi tão
espantoso quando se viram cara a cara com a morte que se tornaram terríveis feras buscando
segurança para sua vida, fazendo um esforço supremo contra a morte. Então, foram declarados
heróis.
Costuma-se confundir o medo com a coragem. Quem se suicida parece muito valente e quem
carrega uma arma também parece ser muito valente, mas, na realidade, os suicidas e os
pistoleiros são bastante covardes.
Quem não tem medo da vida não se suicida.
Quem não tem medo de ninguém não carrega uma pistola na cintura.
É urgente que os professores e professoras ensinem aos cidadãos de forma clara e precisa o que é
a coragem de verdade e o que é o medo.
O medo e a busca de segurança converteram o mundo em um espantoso inferno.
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